Segundo diálogo
Caps.15—21
Segunda fala de Elifaz
Cap. 15
A sua própria boca o condena
1 Então Elifaz, o temanita, tomou a palavra e disse:

2 “Será que um sábio
daria respostas vazias?
Será que encheria a si mesmo
de vento leste?
3 Argumentaria com palavras
que de nada servem
e com razões
das quais nada se aproveita?
4 Mas você destrói
o temor de Deus
e diminui a devoção a ele devida.
5 Pois o que você fala
se inspira em sua iniquidade,
e você adota a língua dos astutos.
6 A sua própria boca o condena,
e não eu;
os seus lábios dão testemunho
contra você.”

7 “Será que você é
o primeiro homem que nasceu?
Por acaso, você foi formado
antes dos montes?
8 Será que você ouviu
o conselho secreto de Deus
e detém toda a sabedoria?
9 O que você sabe,
que nós não sabemos?
O que você entende,
que nós não entendemos?
10 Também há entre nós
homens idosos
e de cabelos brancos,
muito mais velhos
do que o seu pai.”

11 “Você faz pouco caso
das consolações de Deus
e das suaves palavras
que dirigimos a você?
12 Por que você se deixa levar
pelo seu coração?
Por que os seus olhos flamejam,
13 para que você dirija
contra Deus o seu furor?
E por que deixa que tais palavras
saiam de sua boca?”

14 “Que é o homem,
para que seja puro?
E o que nasce de mulher,
para ser justo?
15 Eis que Deus não confia
nem nos seus santos!
Nem os céus são puros
aos seus olhos,
16 quanto menos o homem,
que é abominável e corrupto,
que bebe a iniquidade
como a água!”
O ímpio é atormentado todos os dias
17 “Escute o que eu vou explicar;
vou contar-lhe o que eu vi,
18 o que os sábios anunciaram,
sem ocultar nada,
tendo-o recebido dos pais deles,
19 aos quais somente foi dada
esta terra,
sem que nenhum estrangeiro
passasse entre eles.”

20 “O ímpio é atormentado
todos os dias,
no curto número de anos
que se reservam
para o opressor.
21 O som dos horrores
está nos seus ouvidos;
na prosperidade lhe sobrevém
o destruidor.
22 Não crê que possa escapar
das trevas,
e sim que a espada o espera.
23 Anda vagando, em busca de pão,
dizendo: ‘Onde está?’
Bem sabe que o dia das trevas
está perto.
24 A angústia e a tribulação
o assombram;
prevalecem contra ele,
como o rei preparado
para a batalha.
25 Porque ele levantou a mão
contra Deus
e desafiou o Todo-Poderoso;
26 arremete contra ele
obstinadamente,
protegido por um grosso escudo.
27 Porque cobriu o rosto
com a sua gordura,
que se acumulou também na cintura;
28 morou em cidades assoladas,
em casas em que ninguém
devia morar,
que estavam prestes a virar ruínas.
29 Por isso, não ficará rico,
nem subsistirá a sua riqueza;
nem se estenderão os seus bens
pela terra.
30 Não escapará das trevas;
a chama do fogo
secará os seus rebentos,
e ao sopro da boca de Deus
será arrebatado.
31 Que ele não confie na vaidade,
enganando a si mesmo,
porque a vaidade
será a sua recompensa.
32 Esta lhe chegará antes da hora,
e o seu ramo não reverdecerá.
33 Será como a videira
que perde as uvas ainda verdes,
como a oliveira que deixa cair
a sua flor.
34 Porque a companhia dos ímpios
será estéril,
e o fogo consumirá
as tendas do suborno.
35 Concebem o mal
e dão à luz a iniquidade;
o coração deles
só prepara enganos.”
Elifaz acusa a Jó de impiedade
1 Então, respondeu Elifaz, o temanita:
2 Porventura, dará o sábio em resposta ciência de vento?
E encher-se-á a si mesmo de vento oriental,
3 arguindo com palavras que de nada servem
e com razões de que nada aproveita?
4 Tornas vão o temor de Deus
e diminuis a devoção a ele devida.
5 Pois a tua iniquidade ensina à tua boca,
e tu escolheste a língua dos astutos.
6 A tua própria boca te condena, e não eu;
os teus lábios testificam contra ti.
7 És tu, porventura, o primeiro homem que nasceu?
Ou foste formado antes dos outeiros?
8 Ou ouviste o secreto conselho de Deus
e a ti só limitaste a sabedoria?
9 Que sabes tu, que nós não saibamos?
Que entendes, que não haja em nós?
10 Também há entre nós encanecidos e idosos,
muito mais idosos do que teu pai.
11 Porventura, fazes pouco caso das consolações de Deus
e das suaves palavras que te dirigimos nós?
12 Por que te arrebata o teu coração?
Por que flamejam os teus olhos,
13 para voltares contra Deus o teu furor
e deixares sair tais palavras da tua boca?
14 Que é o homem, para que seja puro?
E o que nasce de mulher, para ser justo?
15 Eis que Deus não confia nem nos seus santos;
nem os céus são puros aos seus olhos,
16 quanto menos o homem, que é abominável e corrupto,
que bebe a iniquidade como a água!
Elifaz mostra o justo castigo dos perversos
17 Escuta-me, mostrar-to-ei;
e o que tenho visto te contarei,
18 o que os sábios anunciaram,
que o ouviram de seus pais e não o ocultaram
19 (aos quais somente se dera a terra,
e nenhum estranho passou por entre eles):
20 Todos os dias o perverso é atormentado,
no curto número de anos que se reservam para o opressor.
21 O sonido dos horrores está nos seus ouvidos;
na prosperidade lhe sobrevém o assolador.
22 Não crê que tornará das trevas,
e sim que o espera a espada.
23 Por pão anda vagueando, dizendo: Onde está?
Bem sabe que o dia das trevas lhe está preparado, à mão.
24 Assombram-no a angústia e a tribulação;
prevalecem contra ele, como o rei preparado para a peleja,
25 porque estendeu a mão contra Deus
e desafiou o Todo-Poderoso;
26 arremete contra ele obstinadamente,
atrás da grossura dos seus escudos,
27 porquanto cobriu o rosto com a sua gordura
e criou enxúndia nas ilhargas;
28 habitou em cidades assoladas,
em casas em que ninguém devia morar,
que estavam destinadas a se fazerem montões de ruínas.
29 Por isso, não se enriquecerá, nem subsistirá a sua fazenda,
nem se estenderão seus bens pela terra.
30 Não escapará das trevas;
a chama do fogo secará os seus renovos,
e ao assopro da boca de Deus será arrebatado.
31 Não confie, pois, na vaidade, enganando-se a si mesmo,
porque a vaidade será a sua recompensa.
32 Esta se lhe consumará antes dos seus dias,
e o seu ramo não reverdecerá.
33 Sacudirá as suas uvas verdes, como a vide,
e deixará cair a sua flor, como a oliveira;
34 pois a companhia dos ímpios será estéril,
e o fogo consumirá as tendas de suborno.
35 Concebem a malícia e dão à luz a iniquidade,
pois o seu coração só prepara enganos.